CAMPANHA
FRENÉTICA DE INTOXICAÇÃO MEDIÁTICA
Apurados os resultados, com exceção da emigração, há que
tirar as devidas ilações.
Os resultados efetivos são apresentados pelos media "a granel" e em caracteres pequenos, sem tratamento político, de forma a confundir uma opinião pública despolitizada e dependente. |
As conclusões não podem ser baseadas numa aritmética falseada e primitiva de "primeiros" e "segundos", como se de um torneio de futebol se tratasse.
Os números têm de ter um tratamento político, analisando os projectos em jogo nestas eleições, nomeadamente - embora a direita tudo tenha feito para desviar daí as atenções - o facto de estar em julgamento uma política seguida pela coligação PaF ao longo de 4 anos, baseada numa austeridade suicida que semidestruiu o país e assaltou as classes médias/baixas, e cujo única lógica é a da economia de casino submissa aos grandes interesses mundiais - lógica que começa finalmente a ser assumida pela imprensa do sistema - baseada na captação de capitais que fogem aos impostos ou que visam a lavagem (provenientes da corrupção e de negócios ilegais).
Façamos então o tratamento político dos dados, desmontando a frenética campanha de intoxicação em curso.
PRIMEIRO – A direita coligada deixou de ter maioria na Assembleia da República
(AR). A coligação PSD/CDS (PàF) terá obtido 38,6% dos votos expressos, podendo obter 106/107 deputados dos 230 que
compõem a AR. Portanto longe dos 9/10 deputados suplementares que precisaria para ter a
maioria.
SEGUNDO – A esquerda passou a ser maioritária na AR
como consequência da ampla maioria de votos no País, com 32,5% no PS, 10,5 % no
BE e 8,5% na CDU.
Os três somam cerca de 51% de votos e 122/123 deputados.
Se
a esses somarmos os votos dos micropartidos com votações em torno de 1% ou
menos que contestam também à sua maneira a política seguida pela direita (PDR, MRPP,
Livre, Agir, etc.) a votação em partidos ditos de esquerda ultrapassará os 56% dos
votos.
TERCEIRO – A abstenção subiu ligeiramente, cerca de
2%, em relação às anteriores eleições homólogas, predominando nas zonas rurais e na
emigração. Alguns estudos apontam no entanto dois factos relevantes:
a) A existência em
torno de 1 milhão de “eleitores-fantasma”, que morreram ou emigraram mas
não foram abatidos aos cadernos
b) O aumento da abstenção
é praticamente igual ao nº de emigrantes permanentes dos últimos 4 anos IMPEDIDOS de
votar pela burocracia dos consulados (e da estrita responsabilidade do governo) ou cujo voto foi anulado por chegar fora do prazo sem responsabilidade dos votantes.
A estes factos, que constituem fraude no sentido objectivo, há que somar as fraudes intencionais cometidas por indivíduos que, aproveitando-se das confusões nos cadernos, votaram em nome de supostos ausentes e das quais há já reclamações em investigação.
O único micropartido que conseguiu eleger um deputado foi o PAN.QUARTO – Os factos do ponto anterior constituem uma derrota para os que apelavam à abstenção ou ao voto nos pequenos partidos irrelevantes. Sinal que a demagogia não compensa, desde que se lute contra ela de forma consequente.
A abstenção (fraudulenta ou não) e a dispersão à esquerda não deixaram no entanto de dar uma mão à coligação de direita. Sem elas o PS teria ficado com mais votos que a coligação PàF e não assistiríamos à tentativa frenética de manipulação em curso que não se cansou toda a semana de abrir noticiários impingindo despudoradamente a suposta vitória da coligação de direita.
QUINTO – A
esquerda venceu em todas as zonas predominantemente urbanas, na maioria delas mesmo
com uma maioria esmagadora em relação à direita.
Como é patente nos distritos e cidades de Lisboa, Setúbal,
Coimbra e Faro, onde a direita fica muito abaixo da média nacional.
No conjunto de 29 núcleos urbanos analisados acima - justamente os mais povoados do País - apenas em 3 deles a direita conseguiu ascendente sobre a esquerda |
Recordemos um dado da História: em todas as mudanças de
regime - guerras liberais, revolução republicana - a oposição firmou-se
primeiro nas principais cidades para depois tomar o país.
Uma lógica que decorre de as populações urbanas serem mais
informadas e menos manipuláveis. Apesar de hoje em dia a manipulação já não vir
apenas de caciques locais mas também dos media (particularmente TVs), tanto
nas zonas rurais (população envelhecida confinada à casa), como
urbanas (massificação, individualismo crescente).
Facto que ainda valoriza mais a vitória da esquerda em Portugal.
Facto que ainda valoriza mais a vitória da esquerda em Portugal.
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