Resumo
O grupo no poder tem conseguido escapar a sucessivos casos que normalmente originariam a sua demissão imediata. Procuro analisar as causas da ineficácia das 'oposições'.
As razões residem na própria forma como o sistema está organizado hoje, o modo muito camuflado como as oligarquias financeiras internacionais organizam o saque, permitindo-lhes enganar as populações, que atribuem a causas internas o que não é mais que fruto dum sistema internacional.
O público cai no engodo da propaganda - ele cresceu sob o ilusionismo consumista e mediático, o brilho falso das novas tecnologias e as permanentes promessas de sucesso fácil. Ele acredita nos media e os partidos ditos da oposição também ajudam à "festa" ao fazerem-se eco das notícias e comentários dos media que tratam como se fossem informações sérias.
A pouco e pouco, atordoadamente, as populações vão percebendo que as ilusões propaladas pelos media não
têm nada a ver com a realidade.
Mas a própria estrutura social é cada vez mais complexa. E as pessoas isoladas, stressadas e dispersas por múltiplas tarefas, confrontam-se com organizações gigantescas e altamente centralizadas, que usam a seu favor a manipulação dos media, beneficiando da influência cada vez maior destes.
Acrescem
fatores específicos portugueses: a pequena escala do país a par da dispersão do povoamento e consequente
baixa velocidade de circulação da informação, além da dependência face ao exterior.
E por fim a inconsequente oposição dos partidos - seja por impreparação, seja por eles mesmas estarem iludidos com o sistema e instalados nele.
E por fim a inconsequente oposição dos partidos - seja por impreparação, seja por eles mesmas estarem iludidos com o sistema e instalados nele.
Urge repensar os métodos de luta.
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António Pinho Vargas (APV), para além do seu reconhecido talento musical, tem-se manifestado enquanto cidadão preocupado com a situação do País em vários momentos.
Recentemente,
por exemplo, publicou no Facebook um pequeno texto em que verbera a manipulação
por parte dos apoiantes do grupo no poder relativamente à omissão das
obrigações contributivas do cidadão Passos Coelho.
Extraio algumas frases desse pequeno texto de APV que aproveitarei como mote para uma análise mais abrangente da problemática da formação da opinião pública.
“Imaginemos
(...) que o recente caso dos descontos para a Segurança Social, que Passos não
pagou na devida altura (...) se teria passado com um dirigente do PS (...) - o
que estes dirigentes do PSD ou do CDS teriam dito sobre tais matérias...”
“(...)
cria-se uma "moral privada" (...) que se desfigura conforme as várias
conveniências para uso corrente. Pensar que a magistratura pensou levar a
tribunal Soares por ter dito "ele que se cuide" - acrescento, frase
tão perigosa como as anteriores declarações de inúmeros sindicalistas "se
não vai a bem vai a mal", ou seja, expressões retóricas e inúteis de um
desespero da vontade, mostra o grotesco desta coisa toda. A magistratura faz
parte dele (...)”
- António Pinho Vargas
... os seus propagandistas desdobram-se em justificações palavrosas da que é, apesar da gravidade moral, das menos graves praticadas por esta gente |
Ao fazer esta declaração, APV acaba por abordar um dos temas que reputo mais importantes na vida social atual, o da forma como se propaga a informação
e por consequência, como se faz a avaliação das figuras públicas e nomeadamente
dos políticos.
Hoje, os
media e seus protagonistas - jornalistas, comentadores, entertainers - são
parte integrante do sistema de poder, e fator fundamental do exercício e da
luta pelo poder no sistema.
Não apenas mensageiros duma mensagem qualquer, como ainda pensa aparentemente a 'oposição' que, pela voz dum líder partidário, repetia a velha frase 'não confundimos o mensageiro com o autor da mensagem'.
A questão
é que a mensagem e o mensageiro hoje são parte integrante do pacote do
ilusionismo político com que o poder é exercido.
Vemo-lo na propaganda televisiva paga, da UE e suas políticas (que vendem ainda a ideia duma UE muito humana e solidária). Ou nos acontecimentos no médio-oriente e na Ucrânia, acompanhados de maciças propaganda e desinformação, sem as quais sequer se poderiam realizar aquelas barbaridades e o público já teria percebido que está em preparação por parte dos EUA uma 3ª guerra mundial ou algo, no mínimo, muito perigoso e grave.
OS MEDIA SÃO O QUARTO PODER,
MAS NÃO-AUTÓNOMO DO PODER PRINCIPAL
Cada vez mais o poder mediático (talvez alguns tenham esquecido, mas nos anos 70 falava-se já do 4º poder) é entregue a profissionais bem treinados, não só em comunicação e imagem como em métodos de manipulação e contra-informação.
Se nos
anos 70 já se falava nisso, hoje faz muito mais sentido. com novas nuances,
porém.
A verdade
é que poucas pessoas – incluindo os especialistas – têm noção da importância
real dos media na formação das opiniões.
Alguns alegam que o nível profundo de opinião, ou seja, as convicções no
"estado sólido", são muito pouco afectadas pelos media. As pessoas
formariam esse nível de opinião profundo pela participação nos seus grupos
primários - família ou círculo natural de amigos - ou em grupos
profissionais, culturais, de lazer, etc. de que fazem parte. E acrescentam:
menos de 10% de pessoas lêem jornais em Portugal e apesar dos avanços apenas
uma minoria tem acesso à internet.
Não me parece verdadeira a conclusão. É que os últimos factos apontados, sendo reais, são apenas uma pequena parte dos fatores.
PORQUÊ E COMO OS MEDIA FORMATAM AS
OPINIÕES?
Hoje há outros fatores a ter em conta:
- O tempo cada vez maior que crianças e adultos gastam a ver televisão, ao ponto da maioria ligar automaticamente a TV ao chegar a casa, dormir com a televisão aberta, comer e fazer outras tarefas assistindo televisão
- O tempo
reservado ao convívio familiar, aos jogos e brincadeiras infantis espontâneos e
à relação autónoma familiar é cada vez menor
- O
número de famílias com disfuncionalidades de comunicação aumentou muito (a
presença da TV não é a causa principal, mas é um fator que agrava)
- A falta
de tempo dos pais para os filhos, o crescente individualismo, o isolamento dos
séniores na sua casa, tudo contribui para a desagregação familiar, exclusivamente
determinada pelas exigências profissionais e pelo estilo de vida social (ritmos,
transportes, duplo emprego, trabalho extra-horário, padronização de valores e
comportamentos) impostos pelo sistema na sua forma atual, não fruto de
qualquer livre escolha individual, como nos é vendido.
Cada vez
menos aquilo que se faz nos media – incluindo internet e redes sociais virtuais
– é deixado ao acaso. A manipulação intencional por organizações profissionais
– empresariais ou políticas – é cada vez maior, o que se vê até numa simples
busca Google, personalizada conforme o perfil de cada utilizador
automaticamente armazenado na base de dados do "motor".
OS MEDIA NÃO SÃO APENAS
EMISSÁRIOS,
ELES FAZEM PARTE DO PODER
Assim,
uma primeira conclusão: encarar os media como um factor secundário é errado. Eles
desempenham um papel enorme na formação duma opinião pública e
pessoal, em que o tempo passado frente às TVs, aos computadores,
smartphones, ipods, consolas e outros media é enorme, e a quantidade e
refinamento da informação por essa via é cada vez maior.
Hoje mais
que nunca fazem-se e desfazem-se imagens de líderes, eventos e correntes de
opinião, simplesmente criando-as, montando-as e pondo-as a circular nos media.
Mas a
questão mediática obviamente não é tudo.
UM PROBLEMA SISTÉMICO E DE MENTALIDADES
Ilustrar
o fenómeno da manipulação atribuindo-o apenas ao comportamento de certos
personagens ou grupos, pode conduzir a uma visão redutora.
Tenho
analisado bastante o problema da informação e creio que ele é sistémico e,
por outro lado, entra no terreno da mentalidade.
Tiro
estas conclusões baseado em muita observação não só dos conteúdos informativos
dos media principais, mas também de blogues, fóruns e grupos de debate net e
espaços para comentários dos media on-line e ao vivo.
Em
Portugal, conseguiu-se instalar um sistema e uma mentalidade que passo a
caracterizar.
CARACTERISTICAS DA MANIPULAÇÃO POLÍTICA
EM PORTUGAL
- Sempre
que há um governo ou político, mesmo que equivocamente, apelidado
de esquerda e ele tem uma pequena falha - real ou inventada - caem-lhe
todos em cima e, pior, responsabilizam-no direta e pessoalmente
- Já quando se trata dum governo de direita, como se vê de forma mais óbvia no atual, assistimos a campanhas - orquestradas ou não - de grosseiro branqueamento das suas responsabilidades em qualquer facto negativo.
Vejamos exemplos recentes:
- As mortes e negligências hospitalares que ocorreram de forma generalizada no pico do frio foram explicadas como efeito da má gestão de diretores hospitalares e médicos, de modo a esbater a responsabilidade dos cortes e do desinvestimento no SNS por este governo - apenas a gravidade do caso e algumas vozes indignadas impediram um total branqueamento;
- Quanto
ao desemprego, à vaga de falências, à corrupção, à nova vaga de emigração, ao
aumento dos números dos sem-abrigo, da pobreza, dos idosos isolados, etc. - a
culpa é atribuída a factores “diversos” (mas nunca ao governo) como:
a) O 25 de Abril, que teria gerado todo um “novo” sistema de corrupção
Nota: Omitem que antes do 25 de Abril a corrupção já proliferava, mas era ocultada pelos media censurados, obviamente, e que o regime atual é, desde 1975, o do 25 Novembro, não mais o do 25 de Abril;
b) O “socialismo” (?!) que terá passado a dominar o País – isto dito com desfaçatez por alguns propagandistas nas “redes”
b) O “socialismo” (?!) que terá passado a dominar o País – isto dito com desfaçatez por alguns propagandistas nas “redes”
Nota: Chocante falarem de
'socialismo' num país onde privatizaram uns atrás dos outros todos os sectores
e grandes empresas a partir dos anos 80, um país com leis laborais das mais
desfavoráveis aos trabalhadores dentro da OCDE e não só
c) Os supostos
defeitos do povo português, apontado sem pudor como pobre, ignorante e sem
espírito empreendedor, em contraste com os “maravilhosos” povos do norte da
Europa
Nota: Porquê a democracia e toda a
civilização moderna nasceu no sul da Europa, com o contributo de Portugal, e no
final do séc. XIX a Suécia e os outros países nórdicos eram pobres , registando
uma enorme emigração? E porquê as mais sangrentas e criminosas guerras foram
provocadas pela Alemanha e pelo Japão, também desse norte 'tão civilizado'?
d) Os
políticos em geral, apontados como corruptos e sem qualidade, o que seria culpa
do peso excessivo do Estado
Nota: Ao apontarem apenas fatores internos, evitam a perceção pelo público da máquina sugadora de dinheiro da grande banca mundial e dos países que beneficiam com a globalização selvagem e com o sistema injusto do euro e das regras do mercado único da UE
e) Estado
e suas instituições - feitos bombos da festa porque "delapidam
o dinheiro dos contribuintes” e os “escravizam”
Nota: Forma óbvia de branquear os
cartéis multinacionais, apresentados como “geradores de riqueza e emprego”,
enquanto tudo que seja Estado apenas serve, dizem, "para retirar meios
à economia produtiva". Afinal "argumentos" para
justificar privatizações selvagens e cortes em tudo quanto é Segurança Social, subsídios de desemprego, Saúde, Educação e restantes funções sociais.
A NOVA ESTRUTURA SOCIAL E SEUS EFEITOS
Mas seria
simplista atribuir a persistência da atual clique no poder através destes métodos
propagandísticos exclusivamente às suas próprias qualidades. Seria acreditar
que o referido grupo dispõe de superpoderes e é imbatível.
Na
verdade, a sua eficácia resulta do modo como o sistema está hoje configurado,
descrita acima - muito em particular o crescente isolamento do indivíduo e sua dependência dos media para se informar da realidade social como um todo.
Tudo isso
baseado numa nova estrutura social em que há um peso crescente das classes médias e uma alteração
do antigo operariado pela subida do nível de vida material (em
quantidade, cada vez menos em qualidade) na segunda metade do século XX e a
transformação das sociedades agroindustriais em sociedades de serviços,
desmultiplicando-se em tarefas mais técnicas e especializadas, a par dum peso
esmagador das grandes organizações que dominam tudo, deixando sem espaço
crítico o indivíduo e a pequena-micro empresa.
ALTERAÇÕES COM NOVAS ARMADILHAS
É como se
o antigo operário manual da linha de montagem do início do séc. XX, pouco
instruído, fosse substituído pelo operador de caixa ou de telemarketing, ou
pelo empregado bancário, na sua maioria mal pagos, mas razoavelmente instruídos
e ao mesmo tempo iludidos pela insidiosa propaganda sob a qual cresceram,
cultivando todos esses mitos dum futuro tecnológico cheio de belas
saídas profissionais.
Caem nas
armadilha do sistema, deslumbram-se com a abundância de bens (na maioria
inúteis e mesmo nocivos à saúde) e com a sociedade do espetáculo, endividam-se e acabam lançados no
pluriemprego, em trabalhos extra (e isso, para ambos os membros do casal) prisioneiros
do ilusionismo mediático e incapacitados para uma atitude crítica -
que é a única base para lutas sociais a sério.
A isto
acresce o enorme caudal de informação que cai sobre cada pessoa, sendo ela
desprovida de estrutura cultural político-económica que a capacite para gerir
toda essa informação, e perceber que os comentários, documentários, filmes e a informação em geral passada nos media é cada vez mais direcionada para entorpecer, confundir e manipular as pessoas.
ESTARÁ A INTERNET A SER ÚTIL ÀS LUTAS?
Dizem-nos
que a Internet, com os seus motores de pesquisa, enciclopédias on-line, redes
sociais, reencaminhamento da informação via email, facebook ou twitter,
facilidade de publicar (embora para público minoritários), proporciona muito
mais informação que no passado.
É a
verdade aparente que mantém viva a grande mentira. Se o acesso
à informação está facilitado, se se consegue com um clique o que há 40 anos
levaria dias, meses (ou jamais) a ser obtido , em contrapartida a
deseducação das pessoas (salvo uma pequena minoria que se preparou num
modelo antigo mas exigente e, ao mesmo tempo, domina as novas tecnologias), torna-as incapazes
de gerir esse volume caótico de informação, o que é agravado pelo
"bombardeamento" propagandístico já mencionado.
Tudo isto
dificulta obviamente o trabalho de qualquer força anti-sistema, enquanto
facilita aos instalados nele, e que dele assumem com naturalidade os tiques,
modas e métodos.
IMPOTÊNCIA DAS OPOSIÇÕES
Mas não
há nenhuma fatalidade que obrigue à ineficácia no combate ao sistema e ao grupo
nele instalado. Ela resulta, sim, de deficiências das oposições - infelizmente
estruturais, não meramente conjunturais.
A interpretação
simplista que elas fazem do papel dos media e da dependência do
público face aos mesmos, é um facto. Mas, pior que isso: as oposições,
elas mesmas, mimetizam os tiques do sistema porque estão instaladas
nele, em maior ou menor grau.
O que,
como é óbvio, lhes retira 'engenho e arte' no combate aos principais
beneficiários e agentes do sistema.
Um dos
dados mais chocantes é a quase ausência - em termos dum combate real e eficaz -
dos militantes de partidos da oposição nas lutas das redes sociais e nos
comentários on-line e ao vivo, substituídos por mera propaganda rotineira com
posts avulsos e repetitivos, enquanto os respetivos ativistas fogem de modo geral ao debate combativo.
O que
reflete - além da escassa militância partidária efetiva - a falta de
investimento dos partidos na formação dos seus militantes para esse fim
específico e para um combate ao novo capitalismo financeirizado especulativo,
também chamado de 'nova ordem mundial'. Não se pode confundir umas frases
espontâneas, baseadas em vídeos do Tube ou leituras avulsas na net, com o conhecimento sistemático dessa problemática que só a formação por
especialistas pode proporcionar.
CONCLUSÕES
1. Há uma resiliência das cliques reacionárias que as mantêm
seguras no poder, ao serviço dos grandes interesses económicos internos e
sobretudo externos.
2. Essa persistência é alimentada por uma propaganda maciça,
mas flexível e insidiosa, utilizando habilmente todos os media, incluindo os
alternativos.
3. A sua eficácia é facilitada pelo inesperado das novas
configurações e eficazes camuflagens que o sistema assume,
que poucos conseguem compreender e desmontar.
4. É facilitada também pelos novos públicos e classes
engendrados pelo sistema, carregados de individualismo e deseducados pelo
engodo da ‘felicidade’ consumista e pela propaganda maciça em que desde
crianças foram envolvidos.
5. É facilitada pelo excesso de informação e desinformação que
tais públicos acabam por não conseguir descodificar.
6. É facilitada igualmente pela ausência das oposições no
terreno do jogo em que se realizam os combates ideológicos,
optando pelo refúgio em grupos protegidos com os seus camaradas de
ideologia ou na mera propaganda repetitiva e mecânica.
7. Por isso urge aprimorar a formação dos ativistas anti-sistema no
conhecimento das novas configurações e dos truques propagandísticos e de
contra-informação dos agentes do sistema.
8. No caso de Portugal, constatam-se vícios nos partidos da
oposição, reflectindo a sua crescente instalação nos meandros e
interesses do sistema.
9. A par disso, em Portugal, o carácter estagnado e pouco móvel
de alguns setores sociais (por razões históricas, de escala e tipo de povoamento do País)
e o grau elevado de dependência do país face ao sistema internacional (nomeadamente
da UE) permitem uma maior resiliência dos agentes reacionários no poder e a exibição despudorada da subserviência ao estrangeiro, bem como a relativa capacidade de
adaptação que revelam.
10. Tal persistência faz acreditar que o combate à decadência do País que penaliza sobretudo as classes baixas e médias, implica
novos métodos, como a construção duma frente ampla capaz de abranger todos os
que defendem a independência nacional e os direitos básicos do cidadão e do
trabalhador.
11. No séc. XX e culminando nos anos 70, o impressionante
progresso técnico, organizativo e científico ocorreu numa
escala tal que as próprias élites capitalistas da época
prometiam - e sem demagogia, porque era viável - uma
sociedade de bem-estar, mais justa, com mais tempo
para a família e para o lazer, a cultura, a confraternização – afinal o
que deviam ser os objetivos da produção e da vida em sociedade
12. Mas a partir dos anos 80/90 fomos acordando no meio desta
globalização selvática dominada por predadores que se apropriam dos
incomensuráveis ganhos na produção, através dum sistema de poderes cada
vez mais opaco que utiliza camuflagens financeiras que poucos cidadãos
sabem como combater e desmontar
13. Daí que assistamos hoje a enorme confusão sobre as verdadeiras causas dos problemas sociais, a facilidade com que os manipuladores baralham e escondem a causa real: o brutal saque internacional através do sistema especulativo da economia artificial do dólar, das offshores e da globalização, cujas rivalidades no interior do sistema conduzem ao endividamento dos países mais vulneráveis e à sua queda nas mãos da agiotagem
14. Da mesma forma as pessoas, não percebendo esses novos mecanismos internacionais, são vulneráveis à propaganda e iludem-se de que as causas residem apenas nuns quantos políticos corruptos, no suposto peso excessivo do Estado ou mesmo na falta de habilidade e na irresponsabilidade do país e da sua população. Ou seja, a técnica mafiosa da autoculpabilização e do bode expiatório funciona também no plano sócio-político.
É nessa situação que nos encontramos hoje em Portugal e em muitos países: povos desarmados ante poderes financeiros mundiais que tudo corrompem, que compram os media principais e invadem os 'alternativos', vendendo uma falsa imagem de liberdade. As próprias redes sociais, nomeadamente, pesem os aspectos úteis - seja por impreparação dos ativistas, seja por outros fatores como o sistema armadilhado e infiltrado por agentes de diversos tipos - têm-se revelado em grande medida uma ilusão e uma arma pouco eficaz na luta contra o sistema, ao ponto de ser ele o beneficiário principal pelo menos nalguns países - veja-se a "primavera árabe" onde as multidões forma mobilizadas via facebook e acabou por ser a "nova ordem mundial" a ganhar com o caos instalado em países como a Líbia, a Síria, o Egipto, a Tunísia (por formas diferentes, nuns o caos, noutros regimes, ou ditatoriais ou pseudo-democráticos manipulados).
A prova está, como sempre, nos resultados.
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