A crise e a forma como a ela responderam os vários países permanece envolta em nevoeiro.
Tento aqui levantar a ponta do véu, mostrando dados que habitualmente são escamoteados à população pelos media.
Recorde-se que, destes três países - com uma crise comum em vários aspectos -, a Islândia foi o único que não se subordinou aos bancos nem ao FMI, que recusou pagar a dívida desses bancos e criou novos bancos ao serviço do interesse nacional, enquanto demitia os políticos e levava mesmo alguns deles a tribunal.
Os dados fornecidos aqui são referentes à parte grega da ilha, única que aderiu à UE.
É visível que a Islândia, embora tendo a maior dívida externa dos três países, mantém um nível perfeitamente gerível de dívida pública, e dados recentes apontam que ela desceu já para 95%.
Ao contrário, em Portugal ou Chipre a dívida pública não pára de subir. Também em termos de crescimento e emprego, a Islândia já recuperou - após dois anos de crise - e tem vindo a crescer.
No caso de Chipre, a troika pôde argumentar com o carácter um tanto mafioso da sua economia, muito baseada na lavagem de dinheiro russo e árabe que entrava na ilha para se proteger e lavar numa moeda forte, como é o euro.
Mas o caso português é diferente, não tem nada a ver com Chipre. O Estado português não tinha nenhuma necessidade de se endividar tanto. Está a fazê-lo apenas para beneficiar privados mediante a injeção de dinheiro em bancos, empresas falidas e pagamento de rendas e indemnizações em consequência de contratos ruinosos que faz questão de respeitar - PPP, Swaps, rendas às EDPs, Lusopontes, Avensis, etc., e dos juros que vai pagando ao exterior.
Aliás, embora diferentes entre si, Islândia e Chipre tinham antes da crise ativos bancários oito a dez vezes superiores ao PIB. Não é o caso de Portugal.
São este dados que não só são sonegados à população, como os media bombardeiam constantemente os reformados e a função pública, sobre quem tentam lançar o odioso do défice.
Além da distorção da informação, há uma engenharia financeira destinada a canalizar fundos para o sector privado sendo que, na ponta final da trama, a maior parte desses fundos vai para o estrangeiro sob a forma de pagamento de juros, mostrando a quem serve este desgoverno.
Anotações: Chipre e Islândia
Semelhanças:
Ambos são ilhas, com pequena população (Chipre: 790.000; Islândia: 331.000 - 2013)
Ambos tiveram independências recentes: Islândia separou-se da Dinamarca em 1943; Chipre, da Inglaterra, em 1960.
Ambos se tornaram paraísos fiscais, através de facilidades de aplicação e repatriação do dinheiro estrangeiro, com baixos impostos ou isenção total (na venda de ações, etc.).
Isto fez crescer desmedidamente o respetivo sistema bancário : os ativos dos bancos representavam oito vezes o PIB na Islândia, e dez vezes em Chipre.
Ambos os países fizeram largas aplicações em produtos financeiros tóxicos, que após a bolha de 2008 no caso da Islândia, e há cerca de 1 ano no caso de Chipre, levaram os respetivos bancos à falência.
Diferenças:
Chipre aderiu à UE em 2004 e ao euro em 2008; a Islândia, apesar das chantagens, recusou sempre aderir à União Europeia e mantém a sua própria moeda.
As aplicações de dinheiro estrangeiro em Chipre são sobretudo dinheiro sujo em busca de lavagem, sendo a maior parte das máfias russas (120.000 milhões € circulam por ano entre Rússia e Chipre), o que era facilitado pela legislação cipriota, baseada na inglesa.
Já as aplicações estrangeiras na Islândia eram sobretudo em busca de melhor remuneração.
Já as aplicações estrangeiras na Islândia eram sobretudo em busca de melhor remuneração.
O povo islandês não aceitou pagar a dívida dos bancos, exigindo que fossem à falência e redimensionados às necessidades da economia islandesa.
Já o povo cipriota, aceitou passivamente o domínio dos oligarcas nacionais e estrangeiros, aceitou o resgate pela troika da UE / FMI em troca de uma dura austeridade. Com o pretexto de não fazer os contribuintes pagar o resgate dos bancos, esse custo foi passado essencialmente aos depositantes. Muitos pequenos e médios aforradores perderam definitivamente grande parte dos seus depósitos; outros tiveram que pagar uma elevada taxa.
Os oligarcas e mafiosos russos - que representavam cerca de um terço dos depósitos nos bancos cipriotas, em grande parte para lavagem de dinheiro - esses oligarcas tornaram-se agora (últimas notícias...) donos do principal banco: o Banco de Chipre. A generalidade dos bancos cipriotas foi declarada falida, exceto o Banco de Chipre e o Banco Laiki (1º e 2º bancos do país) que foram resgatados. Tudo dentro da solução acordada com a UE.
Já o povo cipriota, aceitou passivamente o domínio dos oligarcas nacionais e estrangeiros, aceitou o resgate pela troika da UE / FMI em troca de uma dura austeridade. Com o pretexto de não fazer os contribuintes pagar o resgate dos bancos, esse custo foi passado essencialmente aos depositantes. Muitos pequenos e médios aforradores perderam definitivamente grande parte dos seus depósitos; outros tiveram que pagar uma elevada taxa.
Os oligarcas e mafiosos russos - que representavam cerca de um terço dos depósitos nos bancos cipriotas, em grande parte para lavagem de dinheiro - esses oligarcas tornaram-se agora (últimas notícias...) donos do principal banco: o Banco de Chipre. A generalidade dos bancos cipriotas foi declarada falida, exceto o Banco de Chipre e o Banco Laiki (1º e 2º bancos do país) que foram resgatados. Tudo dentro da solução acordada com a UE.
Já com a Islândia a história é bem diferente. Ao fim de dois anos da eclosão da crise o país já começava a crescer e a criar empregos. O serviço da dívida foi negociado com o FMI, rejeitando chantagens e estando a dívida pública a descer de ano para ano.
Para mais desenvolvimento dos temas:
DW.DE
Sem comentários:
Enviar um comentário