Nota: Este comentário foi publicado bastantes dias antes do PS, PCP ou Bloco tomarem pela 1ª vez posição pública sobre a calamidade que atingiu o País no presente ano. Será coincidência?
Só este verão já morreram 7 bombeiros. Dezenas
ficaram feridos com maior ou menor gravidade. É a infeliz notícia sobre Portugal que corre nos media mundiais - ainda ontem na DW-TV. Absolutamente invulgar este número de perdas humanas em
Portugal, a que se somam mais de 3,5 mil milhões € de prejuízos materiais. Simbolizam o estado em o país está.
Não basta lamentar ou fazer campanhas
solidárias. É uma exigência cívica responsabilizar quem de direito - os
políticos, que deviam ter tomado em devido tempo medidas preventivas. Mas eles
preferiram a propaganda e as inaugurações.
Se numa escola ou discoteca morrem pessoas
por falta de saídas, toda a gente exige averiguações e punição aos respectivos
diretores, por incúria ou cumplicidade. No caso dos fogos, as pessoas agem como
baratas-tontas e ninguém exige nada. Choram as vítimas e apontam o dedo
aos incendiários o que, infelizmente, não basta.
A verdade é que chegámos ao ponto de aceitar tudo. Os bombeiros são o novo cordeiro para o sacrifício.
A prostração das pessoas é tal que, se alguém tivesse a peregrina ideia de para o país sair da "crise", degolar umas criancinhas como faziam os faraós, haveria muito quem achasse razoável desde que a "proposta" fosse bem encenada pelo poder e bem embrulhada pelos media.
É o grau zero da política. O grau da passividade e da resignação. É a outra face da gente que "se borrifa" no facto de uma parte da população - os mais velhos, a função pública e os desempregados, nomeadamente - ser obrigada a pagar o grosso da crise. Mesmo que vá contra as leis mais básicas da República e toda a ética civilizacional.
Até quando este grau zero, esta resignação conivente?
Nota:
Recomendo um bom artigo de Viriato Soromenho Marques, ESTE, onde o autor junta dois dados importantes:
- A inusitada velocidade de propagação do fogo este ano resultou do eucaliptal, que arde mais rapidamente; a mata tradicional predominante era de pinheiro, espécie mais resistente, mas que perdeu muito terreno para o eucaliptal por pressão das celuloses;
- Foi aprovado pelo governo em 19-Julho-2013 (há semanas!) um decreto que estimula ainda mais a plantação do omnipresente eucalipto em Portugal.
Inacreditável! Temos um governo que, não só não faz prevenção, como ainda lança mais lenha na imensa fogueira em que se transformou o País.
Será que ninguém vê isto e exige responsabilidades?
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