18/07/2013

Encenações com endereço, no meio do Atlântico

 

A cena anacrónica a que assisti hoje na RTP, do Presidente da República ouvido pelo entrevistador oficioso da RTP junto à casa do guarda do parque das Selvagens - ponto perdido no meio do oceano - numa fase crucial da guerra económica que a troika move ao País e em que, numa nação normal,  o PR anularia qualquer compromisso para responder à situação ao minuto, essa cena fica para a antologia do teatro do absurdo político.

Um ato bastante caro para a Marinha, mas que (interessante...) os chefes desta arma cumprem solícitos - veja-se o contraste com o ocorrido na fase inicial do governo Sócrates quando por cortes em nada comparáveis aos atuais, os almirantes-chefes fizeram uma pressão inacreditável num Estado de Direito, chamando a terra todos os navios com pretexto de falta de verbas para os manter no mar!

Mas que quis o PR demonstrar com este ato oco, ainda que bem encenado? Que, por estar no ponto mais a sul do território nacional, está também longe dos partidos e acima deles? Provavelmente.

Mas Cavaco Silva já fora claro na sua comunicação a propósito da crise: quem não aceitasse a sua proposta de "salvação nacional” ficaria em cheque perante o País.

A maioria dos observadores atentos, considerará a atual encenação um tanto patética. A ver vamos se os destinatários não compram o respetivo bilhete. Nomeadamente, todos os que fingem convenientemente não entender que a cena real por trás do pano é encostar o PS à parede e fazê-lo partilhar os custos políticos do desastre social que se anuncia.

(ainda que para alguns lóbis regionais e económicos, os custos compensem - desde que seja o País a pagar e não os seus grupos de interesses.... a esse respeito é bom fazer uma pesquisa atenta às biografias, locais de origem e ligações profissionais dos membros das delegações às conversações)

----------------- xxx ----------------

Entretanto, numa espetáculo não menos cacofónico, o PSD compõe à pressa um "conselho nacional" com o único objetivo de exibir o grupo enfatuado do seu círculo de privilegiados no prime time das TVs, intensificando a encenação, centrada agora num Passos com ar beato de falso bom senso, que mal esconde os crimes cometidos contra os funcionários, aposentados e desempregados, traduzidos já num novo apartheid social, tal o atropelo grosseiro das inúmeras leis que regulam os impostos sobre o rendimento e os pagamentos mensais à função pública e aos reformados.

------------------ xxx ----------------

Outra parte da intensa encenação mediática é a recuperação de figuras que o regime beneficia sob as mais diversas formas, desde o socialista(??) regionaloidista Daniel Bessa, até aos supostos grandes empresários do costume, passando por um general Eanes de discurso um tanto entumescido, mas sempre solicito ao apelo do establishment político-militar, que é afinal quem tenta compôr uma estratégia em torno de Cavaco Silva como tábua de salvação deste regime apodrecido.






Sem comentários:

Enviar um comentário