18/06/2013

População brasileira sai à rua em protesto massivo





















No seguimento de campanhas movidas de forma completamente espontânea nas redes sociais, sem qualquer apoio dos media corporativos, o povo saiu à rua em vigorosos e cada vez mais massivos protestos, em todas as grandes cidades  do Brasil.

As palavras de ordem mais gritadas são "vem, vem pra rua!" e "o gigante acordou".

Conhecido mais pela sua adesão ao samba, ao pagode, ao forró e ao futebol, para lá do fanatismo induzido pelas religiões - há um templo "evangélico" em cada esquina, e muitos carros e lojas ostentam frases bíblicas - este povo mostrou que também tem gente, sobretudo jovem (cerca de 50% dos manifestantes têm menos de 25 anos e 22% do total são estudantes) bem consciente dos problemas sociais, que sente na própria pele, e que não se ilude com o discurso do "progresso para todos" nem pelo espetáculo mediático das Globos, Bands, SBTs & Cia. Lda, que quase só passam telenovelas, futebol. MMA/Valetudo, palhaçada e catadupas de séries norte-americanas altamente desligadas da sua realidade.

Como de costume, as análises dos comentadores ou correspondentes da RTPi  à situação no Brasil não passam de patetice e banalidade. A propósito disso, reforço o que já afirmei noutro ponto deste blogue, o nível de náusea a que desceu este canal que deveria representar o País, mas é uma autêntica vergonha nacional, mais parecendo uma seleção dos piores profissionais e dos piores programas.

Voltando à vaga de manifestações  no Brasil - já classificadas como um novo movimento "Diretas, já!", tal a sua extensão e força -  por mim, não tenciono estender-me em grandes análises. Ser-me-ia fácil fazê-lo do ponto de vista técnico, dado conhecer este "Brasilzão" desde há cerca de nove anos, fazendo nos últimos a vida quotidiana dum cidadão brasileiro, conhecendo por isso bem as diferenças entre o discurso "alegre e feliz" oficioso e a realidade da vida difícil, de lufa-lufa, insegurança, e difícil equilíbrio financeiro que uma enorme maioria das pessoas leva.

E não o faço, exatamente porque conheço os tiques autoritários dos setores no poder e sei das limitações e riscos pessoais que se corre nestas "democracias emergentes", nomeadamente sendo cidadão não-nacional, ainda que gozando legalmente dos mesmos direitos políticos dos brasileiros, como é o caso  (conforme tratados que garantem reciprocidade aos cidadãos da CPLP).

Por isso, com muita pena - espero que se entenda - não vou proceder à análise social e económica aprofundada que a importância dos factos impunha. Mas não resisto a dar um "cheirinho" da realidade, através dum simples zapping aos canais locais de TV.

Enquanto a omnipresente Globo - definida até há um ano atrás pela "esquerda" populista no poder como manipuladora e conivente com a ditadura dos anos 60/70, mas que recentemente parece ter-se auto-domesticado após fortissimas pressões de setores governistas -, enquanto esta "rede Globo" se limita a uma focagem distanciada das manifestações, constantemente intermediada por comentadores oficiosos (diga-se, com notória dificuldade em lidarem com a explosiva situação das ruas),  mal expondo sequer imagens dos cartazes dos manifestantes, já as outras TVs, variam muito no tratamento, um pouco caótico, ao sabor da imaginação de cada apresentador.

Parece porém começar a prevalecer em quase todas uma linha de abertura às impressionantes manifestações, procurando porém dividir os manifestantes entre os que classificam como pacíficos e os que taxam de vândalos.

Cada rede de âmbito nacional reserva diariamente um horário para programação de produção local, versando moda, música, casos de polícia e outros temas.

Por exemplo na zona onde estou, no NE, o apresentador dos "casos de polícia", um género que todos os canais locais têm sobre criminalidade, tratada sem a mínima contextualização social e onde o presumível  criminoso é exibido como troféu e condenado sem julgamento, mostrava imagens das manifestações declarando-lhes apoio, enquanto criticava a postura da presidente Dilma, não deixando porém de fazer votos para  que tudo se mantivesse no perfil pacífico. O que está longe de acontecer, para já, em cidades como SP, Rio, Brasília, BH, Cuiabá, Fortaleza e um pouco por todo o Brasil.

Uma apresentadora local, de estilo "socialite", na afiliada da Record (rede pertencente à "igreja" IURD), também manifestava compreensão pelos manifestantes, ao mesmo tempo que elogiava a rápida e "importante"  decisão do prefeito local do PT de baixar em R$ 10 centavos (!) o preço da viagem dos superlotados e inseguros "ônibus" locais.

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