25/03/2013

Economista belga desmonta a vigarice da "austeridade"

Eis finalmente uma voz que fala claro, a do economista belga Olivier Bonfond.

A "crise" e as "políticas de austeridade" não são mais que uma burla e uma forma de pilhar os povos, desviando os seus recursos para os grandes bancos mundiais e para os países ricos.

Bonfond  fixa-se sobre a Bélgica, mas as semelhanças são evidentes com os outros países, incluindo Portugal.

Diz este economista que a despesa pública belga foi durante décadas, e até 2010, perfeitamente estável, não ultrapassando os  60 % do PIB.

Quais os factores que provocaram a sua acentuada subida a partir daí? Eis a resposta:

- As taxas de juros - até 1992 o Estado financiava-se quase a custo zero junto do seu próprio banco central; a partir daí,  e após Maastricht, passou a ser obrigatório fazê-lo através dos bancos comerciais a juros entre 3 e  6 por cento ou mais. A isso acresceram os efeitos dos especuladores sobre os juros das dívidas soberanas, no pós-crise de 2008.

- Os impostos anteriormente cobrados às grandes empresas, passaram entretanto a ser irrelevantes - a Bélgica é hoje um paraíso fiscal - o que fez perder ao Estado centenas de milhões de euros (em Portugal, foi isso em parte, mas sobretudo as privatizações de grandes empresas lucrativas cujos lucros deixaram de ir para o Estado)

Só a subida das taxa de juros, segundo os cálculos de Bonfond, representa cerca de 30 por cento do aumento da dívida.

Bonfond conclui ainda não só pela ineficácia das políticas de austeridade, como pela sua ilegalidade, já que no caso da Bélgica contrariam a Constituição que proíbe às políticas do Estado causarem prejuízos insuportáveis para a população em geral.

De notar que em Portugal temos um artigo semelhante na Constituição, o direito de resistência à ordem injusta. Ou seja, por exemplo uma lei que provoca prejuízos maiores que os resultantes da sua rejeição.

De resto, esta entrevista vem mostrar que o que se passa nos vários países, salvo detalhes sem grande importância, é igual: uma mesma Troika ao serviço dos grandes bancos mundiais que não é mais que uma arma apontada à cabeça dos governos e dos povos, usando da chantagem do "ou nós ou o caos" para os vergarem e encaminharem para um verdadeiro suicídio coletivo.

Bonfond assinala mesmo em certo ponto da entrevista a enorme mentira do propalado "viver acima das possibilidades". Eles diz: ao contrário, os povos vivem abaixo das suas possibilidades. O dinheiro é que é desviado para agentes externos e internos que enriquecem à custa da esmagadora maioria da população...



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