03/05/2016

O GLIFOSATO É PARTE DO SISTEMA


GOVERNOS, PARTIDOS, AGROTÓXICO E O SISTEMA


Uma reportagem recente da RTP mostrava as análises feitas a alguns portugueses, com percentagem de glifosato na urina 20 vezes (!) maior que a de alemães ou suiços.

A reportagem, porém, presta um mau serviço, ao misturar assuntos, como o uso pelas autarquias (que não vem ao caso, o importante é a agropecuária tóxica, e os alimentos provenientes dela).

O ministro Capoulas Santos, entrevistado nessa peça televisiva,  metia os pés pelas mãos declarando respeitar as decisões "não de Bruxelas, mas duma comissão de peritos"... de Bruxelas (!).
Na sequência, tenta convencer que o governo vai "estar atento". Mas atento a quê? Ao número de cancros? 
Acrescenta que "é um assunto delicado" e de passagem classifica esta reportagem ignorante como "excelente". Procurando fazer crer que não percebe que as "comissões de peritos" da UE são escolhidas a dedo pelos burocratas de Bruxelas justamente para que dêem seguimento aos interesses das multinacionais e das centenas de lóbis munidos de orçamentos milionários que promovem os seus interesses junto da UE.

Ver VÍDEO com entrevista (clique aqui)

Mas não é apenas este ministro medíocre e anti-nacional (que só pela entrevista se devia demitir), nem a jonalista meia-tijela  da reportagem, quem cultiva uma enorme confusão.

Confusão que nem percebe que o uso pela Câmaras de pesticidas para "queimar" esporadicamente ervas e arbustos invasores em jardins e zonas abandonadas nada tem a ver com o centro do problema.

O glifosato está em 90% dos alimentos que consumimos, seja na carne de animais de curral, seja nos peixes de aquacultura, seja nos empacotados, molhos, conservas, pão, bolachas, feijão, leite, sumos, hortaliças, frutas, tubéculos, etc. - em quase tudo, enfim, já que as plantas OGM, são usadas na esmagadora maioria da agricultura de massa, no chamado agrotóxico e até na agricultura familiar.

Pela simples razão que a grande maioria de plantas e sementes usadas nas culturas e postas à disposição pelos armazéns fornecedores são do tipo OGM, preparadas para resistir a pesticidas como o glifosato, e são "bombardeadas" com glifosato durante todo o ano.

Ora isto tem uma vantagem (imediata) ESSENCIAL PARA O AGRICULTOR, a de lhe poupar milhares de horas de trabalho no arranque manual de ervas daninhas. 

Sendo que a soja, o milho, a canola e outros vegetais transgénicos (também chamados OGM) saem pois IMPREGNADOS DE PESTICIDA, e são usados como alimentos para animais em cativeiro. Consequentemente entram em toda a cadeia alimentar humana.

É por isso que o susbsistema alimentar faz parte dum SISTEMA GLOBAL, não é fruto apenas de conspirações de maçonarias como defendem as teorias conspirativas, nem da simples luta de classes, nomeadamente económica, como pretende o marxismo.

É fruto SIM dum modo de vida gisado historicamente. Em que as razões económicas têm um peso essencial por via dos custos e da competição,  mas não são exclusivas.

Portanto, para se lutar contra a degradação da qualidade de vida e dos alimentos, há que atacar o sistema que os gera, O que não significa que não haja agentes particulares mais responsáveis pelo seu desenvolvimento,

Em Portugal não há aparentemente ativistas interessados em perceber o funcionamento do sistema, mas apenas em repetir as vulgaridades com que lhes formataram a cabeça.
É por isso que, quando criticam alguma coisa, criticam-na parcelarmente e não como um sistema global.

Atacam agentes isolados ou causas parcelares, evitando atacar o sistema. Ou porque são ignorantes ou, pior,  porque são coniventes.

Desse modo, continuam a papaguear as mesmas frases repetitivas que apenas servem em última análise para desarmar e desmobilizar o povo e os ativistas, e têm conduzido em todo o mundo a uma verdadeira hecatombe dos movimentos populares. 

Só não vê quem não quer.


Sem comentários:

Enviar um comentário