09/11/2015

DADOS RECENTES CONFIRMAM NATUREZA ESPECULATIVA DA CRISE ...

... E A GENERALIZAÇÃO DA ECONOMIA DE CASINO E DAS 'OFFSHORES'

A verdade pode demorar, mas acaba por vir ao de cima como o azeite.

Há anos que venho defendendo: a crise não foi causada pela corrupção, privilégios dos políticos ou gastos excessivos. Esses factores têm um peso pequeno no conjunto. E se fosse assim, há 100 países onde tais factores pesam mais que em Portugal, e no entanto continuam a crescer. Então já teriam falido há muito tempo.

A crise em que vivemos, global, é causada por um sistema cada vez mais artificial à medida que o grosso da produção sai dos países do centro e se deslocaliza para a periferia, outrora apenas constituída pelo 3º mundo, hoje também pelas potências ascendentes.

Esta notícia mostra como os especuladores atuam em relação às dívidas soberanas com vista a manipular os preços e obter lucros colossais.

Conferir aqui (notícia CM)

Entretanto, e em complemento da notícia anterior, constata-se que os valores transaccionados pelos paraísos fiscais correspondem a 1/3 do PIB mundial ! Relacionado com isto, num só dia são transaccionadas nas bolsas de valores importâncias superiores ao PIB dum país inteiro como Portugal ou Espanha !

É por isso que quando os especuladores atuam sem nada que os detenha, é como se um tsunami atingisse o país-alvo da especulação...

Conferir AQUI ou AQUI

Também interessante é analisar a Lista do Secretismo Financeiro da associação  Rede para a Justiça Fiscal, com sede em Londres, criada pelo Fórum Social mundial, representando organizações da economia social e alternativa de todo o  mundo. Ver AQUI.

É interessante notar que nos cinco primeiros lugares da  falta de transparência há 3 territórios que são atuais ou antigas dependências britânicas: Hong Kong (2º), Singapura (4º) e Ilhas Cayman (5º), com a surpresa (?) de os próprios Estados Unidos ocuparem nada mais nada menos que o... 3º lugar! Interessante ainda saber que o Luxemburgo ocupa o 6º lugar, além do 3º  em volume de negócios. Os "campeões" dos negócios offshore são, reveladoramente, o Reino Unido e os EUA. No caso do RU existem 20 paraísos fiscais (sobretudo ilhas) às quais há que somar o país no seu conjunto, e em particular a City de Londres - que se configura como o principal centro de controle destes fluxos a nível geral, seguido de perto por Nova Iorque.

Confirma-se assim que as offshores, a financeirização, a fuga aos impostos e a circulação abusiva de capitais 
constituem o cerne do capitalismo na sua fase atual, sendo usados pelos países mais parasitários à escala global para, apesar das suas economias reais estarem em perda, poderem continuar a jogar um papel mundial.

As offshores são um instrumento fundamental para "filtrar" o dinheiro que sai - usando a emissão de moeda sem controle - e entra de novo através da rede criminosa destes centros parasitários.

Nem doutra forma se compreenderia que os EUA, por exemplo, tivessem a maior dívida externa do mundo, continuamente em aumento com uma balança comercial cronicamente deficitária, e não só continuem a ser a 1ª economia mundial, como cresçam e mantenham um nível médio de vida com gastos extravagantes face ao resto do mundo. Ou que a Inglaterra, após perder grande parte das suas indústrias, se mantenha igualmente em crescimento e como um dos países mais ricos do mundo.

O espantoso é que mesmo economistas ditos de esquerda não analisem este assunto em profundidade, tornando-se assim coniventes com a gigantesca máquina sugadora dos rendimentos dos países  em dificuldades, como Portugal e muitos outros (aliás, cada vez em maior número).

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