01/07/2015

AS CONTAS QUE "ELES" FAZEM

O atual grupo no poder conseguiu transformar o debate político em Portugal num mero e repugnante exercício contabilístico. O que é ótimo para eles, considerando que 99.9 % das pessoas são analfabetas funcionais, já não digo em matéria contabilística, mas simplesmente financeira.

Vejamos o caso da ALTICE, e uma notícia do "Jornal de Negócios" (J.Neg.), um dos órgãos ao serviço da propaganda mais primária dos grandes interesses do sistema.

P. Drahi, o maior acionista da Altice


A notícia AQUI é supostamente sobre o aumento de capital da ALTICE, com vista a que o sr. Patrick Drahi mantenha a posição dominante no grupo.

1 - Ora P. Drahi - que deve ser primo (Nota: irónico) do Mário Draghi, tendo em conta o sobrenome (quase igual) e o histórico comum de ambos nas ligações à Goldman  Sachs -  inchou que nem aquele famoso sapo que queria ser boi, na fábula. Mas só "inchou" depois de se associar à Goldman e aos fundos Carlyle, permitindo-lhe um salto de gigante do seu escritório de anónimo  consultor em França para - imagine-se! - vencedor do concurso da fibra ótica de Pequim (capital chinesa, com uma população que é "apenas" o dobro da portuguesa total).
     Todos os cães têm sorte - diz o ditado popular. Mas só mesmo os escolhidos, diria eu.

2 - A ALTICE, de que Drahi é o suposto dono (suposto, porque os testas de ferro, tal como as bruxas, se calhar até existem, por isso nada como desconfiar... ) tem um passivo brutal, cuidadosamente nunca revelado nestas notícias

3-  Pesquisando um pouco e comparando com os dados do J.Neg. que afirma "O valor da empresa (...) dona da Meo (...) é de 32,5 mil milhões de euros (...) Com dívida incluída, o valor da Altice chega aos 61,9 mil milhões de euros", tira-se a interessante conclusão de que na ALTICE praticamente o passivo (dívidas) e o ativo (capital próprio, etc.) são iguais.

Ora onde é que eu já vi qualquer  coisa muito idêntica? Deixa-me pensar...Ah!.... Parece que o "passivo" e o "ativo" (grosseiramente falando) dum país chamado Portugal são também iguais, se considerarmos que a dívida externa líquida é semelhante ao PIB anual

(Claro que a realidade é muito diferente, e bem mais favorável do que essa pintura, o "ativo" dum país é muitissimo maior que o seu PIB. Esse ativo incorpora a História, o património, a população, as empresas, o território, etc., portanto é dum valor incalculável, ou  não-calculável através da  vulgar contabilidade)

Conclusão: a ALTICE, em qualquer análise financeira séria, seria considerada próxima da falência.

Já PORTUGAL (incluindo  a PT, a TAP, os CTT, a EDP, etc. - vendidas em saldo como sucata), nos mesmos termos, seria um país perfeitamente gerível e equiparável até às melhores empresas. 

Mas o contrário é que sucede, segundo as famigeradas agências de rating.

Portugal, dizem, está falido. Ou pelo menos estava ao tempo do famoso "preso 44"
A Altice, essa,  vai de vento em popa.

Ora, porque será?

Dou uma dica: Será porque o sr. Drahi tem por trás a Goldman e a Carlyle, enquanto Portugal, pelo menos quando o tal "preso 44" estava à frente do governo, não tinha esse respaldo?

Cada um que responda.
(Frisar que a referência aqui ao "preso 44" tem a ver exclusivamente com análise económica - tenho de comparar dados que, por acaso, coincidem com esse período de governação e o atual, para que se perceba a evolução).

Mas para muita gente - nomeadamente jornalistas, comentadores mercenários e direçõezecas dos partidos e partidinhos  -  a economia (seja a dos países, seja a das empresas) é uma ciência oculta, um verdadeiro quebra-cabeças insolúvel que o povo nunca perceberá.

Ou convém que não perceba, não é...

Azar. De vez em quando aparece um 'maluco' que desmonta e monta de novo o "puzzle" aparentemente  insolúvel.

Aí, fica tudo em pratos limpos e vê-se a grande tramóia que tem sido encenada.

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