06/07/2013

Portugal: oposição ou divagação?





Começa a ser gritante a apatia de plataformas como  "15 de Outubro", "Que se lixe a troika", etc.
Tamanha letargia e falta de estratégia cheira a esturro. E cheira a infiltração do(s) partido(s) que desde há décadas congela(m), fazendo-as degenerar em mero ritual, as lutas de base e induzindo no povo um conformismo que choca, perante a dimensão da tragédia nacional e as indignidades cometidas pelo atual governo, à revelia de inúmeras leis e do próprio Estado de Direito.

O atrelamento daquelas plataformas independentes à Intersindical, como se viu na concentração de sábado em Belém, é um sinal óbvio da sua falta de imaginação e de estratégia autónoma, contrariando a atitude da fase em que apareceram. O que terá a ver certamente com a falta de experiência e de preparação económica e política dos respetivos líderes, mas também com a provável penetração dessas plataformas por elementos dos partidos do centralismo burocrático de inspiração estalinista. A experiência triste da luta recente dos professores, de 2008 nomeadamente, que levou à rua maciçamente a classe, em gigantescas manifestações promovidas por estruturas autónomas, e depois foi sendo desmobilizada pela Fenprof/Intersindical, foi exatamente essa.


Face ao absurdo da situação, a estratégia da "oposição", por outro lado, é patética.

Enquanto o PS, pondo um ar sério, pede eleições e uma audiência ao PR, acreditando levá-lo a romper com quem tem sido sistematicamente cúmplice, o BE reclama num tom mais duro eleições imediatas e faz uma arruada, enquanto o PCP faz o mesmo, mas trazendo para a rua em Lisboa poucas centenas de pessoas que,  segundo o Avante de 5 do corrente (ver vídeo), seriam mais que 1.000.

Será com estas formas de atuação débeis, dispersantes, e sem imaginação, que acham que vão desalojar os agressivos agentes da chantagem política "troikana" ao serviço da capitulação nacional ?

A gravidade da situação exigiria que, no mínimo, os partidos suspendessem a sua regular participação na AR e ameaçassem cortar os laços institucionais com quem colabora nesta política. Paralelamente, exigiria uma atitude pró-ativa de formação duma grande frente popular, unindo todas as forças políticas e sociais contra a eminente ameaça que paira sobre o País.

Mas nada disso se passa. Cada partido parece mergulhado em transe autista, continuando a fazer folclore de protesto, enquanto conta votos a pensar nas próximas eleições.

O prosseguimento desta atuação é o pré-anúncio da derrota dos interesses populares e nacionais, por muito que se propalem palavras de ordem retóricas de que "a luta continua".






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