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O sistema partidário vigente tem um espaço cada vez mais estreito entre os grandes interesses globais, por um lado, e a revolta das populações, por outro. |
A tendência revelada pelos últimos atos eleitorais (autárquicas e europeias) é a dum número maioritário de eleitores que não se revê nos atuais partidos, com níveis de abstenção entre os 55% e os 65%.
É claro que uma parte desses "descrentes" no sistema são pessoas pouco informadas política e economicamente. Mas o mesmo se passa com os "crentes" que os partidos ainda conseguem cativar para o voto.
Não há diferença fundamental. Basta acompanhar os debates nos muitos grupos e plataformas da internet para perceber o nível confrangedor da grande maioria dos comentários - venham eles de abstencionistas ou de militantes partidários.
Os partidos não aprendem as lições e persistem no autismo, limitando-se à defesa acirrada dos seus feudos clientelares, sem qualquer criatividade que ilumine novos caminhos.
A recente "eleição primária" no PS apenas confirma a análise anterior: o novo líder do PS acredita piamente que vai reeditar a cavalgada vitoriosa que teve em Lisboa. Mas provavelmente engana-se. A História só se repete sob a forma de comédia.
O povo, com o poder de compra, a vida e o emprego esmagados, mesmo com os jogos de espelhos e os truques dos partidos, não se vai deixar embalar por táticas eleiçoeiras requentadas ainda que revestidas de novas roupagens.
A clique P&P prossegue pois impunemente a função em que foi investida pela UE: comissão liquidatária do País. Vendendo ao desbarato os mais importantes ativos nacionais e alimentando o monstro da insustentável dívida pelo saque contínuo aos idosos e reformados, aos funcionários públicos, aos micro-pequenos empresários, aos jovens, ao operariado e ao povo em geral, e bem assim pelo esvaziamento das funções do Estado.
Os partidos da oposição, ao invés de desmontarem no terreno da luta real o saque a que as populações são submetidas, limitam-se à ação parlamentar ou a pseudo-lutas simbólicas, e mesmo estas cada vez mais escassas ante a profunda descrença das suas próprias bases.
Estamos pois chegando a um ponto em que uma mudança no quadro partidário se impõe, seja qual for o novo elemento que a incorpore.
E esse novo dado ou elemento, tanto pode vir duma nova força democrática-popular e dum programa patriótico claro, como pode ao invés surgir de um demagogo qualquer que explore sentimentos primários como o racismo e a xenofobia, ou assentar em grupos e regiões já privilegiados ou qualquer outra base.
Os meses que se seguem poderão ser decisivos para definir o futuro.
Aliás, decisivos para definir se Portugal ainda tem qualquer futuro, ou se pelo contrário se encaminha para o estatuto de província periférica duma UE e duma Espanha domesticadas elas mesmas pela rule alemã concatenada com o império americano-sionista do dólar e em equilíbrio instável com os novos imperialismos das potências ascendentes, em particular o imperialismo chinês.
Um Portugal que, ao invés de reocupar o seu espaço na História, definharia no lamaçal da pobreza e da pusilanimidade dos que não ousam levantar a cabeça e lutar.
Urge agir e voltar a entoar em coro as antigas canções da Resistência - tão necessária agora para enfrentar um fascismo internacional de tipo novo promovido pelo terrorismo especulativo financeiro e que, por isso mesmo, alguns não conseguem identificar como tal:
"Mesmo na noite mais triste / em tempo de servidão / há sempre alguém que resiste / há sempre alguém que diz NÃO ".
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