01/07/2014

BES: começa a ruir o mito "em Portugal a crise não é da banca"

Ana Gomes (AG), eurodeputada do PS, falando à antena pública, põe "de caixão à cova" toda a mentira longamente montada pela direita de que a crise em Portugal não é devida essencialmente ao sistema bancário.

AG põe a nu nomeadamente o papel de Ricardo Salgado - líder do Banco Espírito Santo - na vinda da troika, lembrando as suas declarações de que ela viria "ajudar o país", posição logo secundada por toda uma corja de comentadores e políticos sem vergonha.

AG foca as ligações do BES a uma série de interesses em Portugal, como criador de empregos graúdos ou nas famigeradas PPPs, sugerindo mesmo que o lugar dos principais responsáveis do BES seria na prisão dada a gravidade da prolongada mistificação das contas do grupo que neste momento tem um buraco na ordem dos 8.000 milhões de euros, se considerarmos não só o BES Portugal, como o BES Angola, país cujo Governo irá cobrir o prejuízo do BESA em troca da sua nacionalização, segundo os jornais de hoje.

As últimas notícias apontam também para que o regime venezuelano possa ser a tábua de salvação do BES, a par da PT, trocando os seus créditos no banco por um aumento da participação no capital do mesmo.

Entretanto as agências da Wall Street - que sempre arranjam forma de camuflar as fraudes bilionárias da sua alta finança - aproveitaram de imediato para enterrar o BES, o que mostra que o desmoronamento da alta finança portuguesa interessa à alta finança internacional para ganhar posições.

Estejamos atentos. Muitas ligações até hoje escondidas estão a destapar-se - como os  comentadores tipo MST que criticam tudo menos o papel do BES no regime - como bem reparava um membro dos "Gato Fedorento", assim como o papel da televisão SIC mantendo esses tendenciosos comentadores em "prime time", sem contraditório, além do evidente apoio que presta a António Costa na tentativa em curso para alterar a linha do PS.

Na verdade, é quando as grandes pedras do regime começam a esboroar-se que se percebem as contradições dos principais partidos, afinal pouco mais que arietes desses mesmos interesses, e os compromissos dos vários grupos e personagens dentro destas (podres) pedras angulares do regime.

Nota: Ao citar AG, é bom que se entenda que não quero fazer dela a "salvadora da pátria" - quem se mantém num PS tão conivente com o regime não o poderia ser, já não falando do seu passado no MRPP do qual - que se saiba - nunca se autocriticou. Mas essencialmente é lamentável que AG cite as autoridades britânicas e norte-americanas como garantes da legalidade -  é como alguém ser agnóstico ou budista, mas citar o tribunal da "Santa Inquisição" como garante em matéria religiosa. 
O que não invalida as revelações importantes que AG traz a lume.  

Pode conferir a entrevista de Ana Gomes AQUI.

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