30/08/2013

INCÊNDIOS: O GRAU ZERO DA POLÍTICA

Nota: Este comentário foi publicado bastantes dias antes do PS, PCP ou Bloco tomarem pela 1ª vez posição pública sobre a calamidade que atingiu o País no presente ano. Será coincidência?


Só este verão já morreram 7 bombeiros. Dezenas ficaram feridos com maior ou menor gravidade. É a infeliz notícia sobre Portugal que corre nos media mundiais - ainda ontem na DW-TV. Absolutamente invulgar este número de perdas humanas em Portugal, a que se somam mais de 3,5 mil milhões € de prejuízos materiais. Simbolizam o estado em o país está.  

Não basta lamentar ou fazer campanhas solidárias. É uma exigência cívica responsabilizar quem de direito - os políticos, que deviam ter tomado em devido tempo medidas preventivas. Mas eles preferiram a propaganda e as inaugurações.

Se numa escola ou discoteca morrem pessoas por falta de saídas, toda a gente exige averiguações e punição aos respectivos diretores, por incúria ou cumplicidade. No caso dos fogos, as pessoas agem como baratas-tontas e ninguém exige nada. Choram as vítimas e apontam o dedo aos incendiários o que, infelizmente, não basta.  

A verdade é que chegámos ao ponto de aceitar tudo. Os bombeiros são o novo cordeiro para o sacrifício.  



A prostração das pessoas é tal que, se alguém tivesse a peregrina ideia de para o país sair da "crise", degolar umas criancinhas como faziam os faraós, haveria muito quem achasse razoável desde que a "proposta" fosse bem encenada pelo poder e bem embrulhada pelos media. 

É o grau zero da política. O grau da passividade e da resignação. É a outra face da gente que "se borrifa" no facto de uma parte da população - os mais velhos, a função pública e os desempregados, nomeadamente - ser obrigada a pagar o grosso da crise. Mesmo que vá contra as leis mais básicas 
da República e toda a ética civilizacional.

Até quando este grau zero, esta resignação conivente?


Nota
Recomendo um bom artigo de Viriato Soromenho Marques, ESTE, onde o autor junta dois dados importantes: 
- A inusitada velocidade de propagação do fogo este ano resultou do eucaliptal, que arde mais rapidamente; a mata tradicional predominante era de pinheiro, espécie mais resistente, mas que perdeu muito terreno para o eucaliptal por pressão das celuloses; 
- Foi aprovado pelo governo em 19-Julho-2013 (há semanas!) um decreto que estimula ainda mais a plantação do omnipresente eucalipto em Portugal. 

Inacreditável! Temos um governo que, não só não faz prevenção, como ainda lança mais lenha na imensa fogueira em que se transformou o País.
Será que ninguém vê isto e exige responsabilidades?



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